Os bancos enfrentaram um desafio significativo no primeiro semestre deste ano, com uma queda de 6% em sua rentabilidade em comparação com o mesmo período de 2022. O lucro líquido do sistema bancário nos últimos 12 meses, encerrados em junho, totalizou R$ 134,4 bilhões. Essa deterioração na rentabilidade foi impulsionada pelo aumento das despesas com provisões para riscos de crédito, despesas de captação e custos administrativos, de acordo com o Banco Central.
Apesar dessa queda, as perspectivas continuam positivas para o sistema bancário nos próximos meses, de acordo com o Relatório de Estabilidade Financeira do Banco Central referente ao primeiro semestre de 2023. O documento indica que melhorias na qualidade das novas concessões e redução das estimativas de perdas nas carteiras de crédito podem aliviar a pressão sobre as provisões.
Além disso, o ciclo gradual de flexibilização monetária, com a queda das taxas de juros básicos, tende a beneficiar os bancos, reduzindo as despesas de captação. Espera-se que isso estimule a demanda por crédito e outros serviços bancários, enquanto alivia a pressão sobre a capacidade de pagamento de famílias e empresas.
O relatório também observa que a taxa média de juros das concessões de crédito diminuiu nos últimos meses, em paralelo à redução da taxa básica de juros da economia, a Selic. Essa queda na Selic é vista como uma medida para controlar a inflação, incentivando o crédito mais barato e estimulando a atividade econômica.
No entanto, um desafio em destaque é a discussão sobre os limites de juros cobrados no crédito rotativo do cartão de crédito. A legislação sancionada recentemente visa limitar os juros dessa modalidade, o que tem gerado debates entre o setor bancário e reguladores. Enquanto os bancos argumentam que os juros altos são justificados pelo financiamento do parcelamento de compras sem juros no cartão, os reguladores buscam limitar os encargos para os consumidores.
Embora a desaceleração do crédito tenha sido observada no primeiro semestre, o Banco Central afirma que o sistema financeiro nacional mantém uma sólida capitalização e liquidez, com provisões adequadas para possíveis perdas. Os testes de estresse realizados demonstram a robustez do sistema bancário, oferecendo uma perspectiva geral positiva para o futuro, apesar dos desafios recentes no cenário econômico e financeiro.