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Banco Central só intervém no mercado cambial em caso de disfunção nos mercados

A volatilidade econômica global tem se acentuado nas últimas semanas, afetando a capacidade do Banco Central (BC) de prever os desdobramentos da crise, afirmou nesta quinta-feira (18) o presidente da instituição, Roberto Campos Neto, durante uma coletiva de imprensa ao lado do ministro da Fazenda, Fernando Haddad. Campos Neto enfatizou que a autoridade monetária só tomará medidas de intervenção no câmbio se houver disfunção nos mercados.

“O regime de câmbio flutuante desempenha um papel importante. Acreditamos que intervir contra um componente estrutural pode distorcer outras variáveis macroeconômicas. O câmbio flutuante atua como um amortecedor de choques externos”, afirmou Campos Neto em Washington, após participar de uma reunião do G20 composta por ministros de Finanças e presidentes de Bancos Centrais.

Segundo o presidente do BC, atualmente, existem três cenários em análise: a prolongação da incerteza, o retorno à normalidade após algumas semanas e a continuidade da turbulência externa, o que levaria a uma “reprecificação” por parte do mercado. Ele destacou que somente após a definição de um desses cenários será possível uma resposta por parte da autoridade monetária.

Campos Neto observou que o mercado financeiro global está mais sensível aos dados econômicos dos Estados Unidos e às declarações dos dirigentes do Federal Reserve (Fed, o banco central dos EUA). Isso tem levado a uma valorização do dólar nas últimas semanas, em resposta ao aumento da demanda pelos títulos do Tesouro dos EUA, considerados investimentos seguros.

Situação favorável

O presidente do BC ressaltou que o Brasil está em uma posição menos vulnerável em comparação a outros países emergentes, devido às suas contas externas robustas e ao elevado volume de dólares provenientes das exportações. “Embora um dólar valorizado seja sempre uma preocupação e possa provocar reações dos Bancos Centrais ao redor do mundo, no caso do Brasil, observamos que a situação é mais favorável”, afirmou Campos Neto.

O ministro da Fazenda destacou que o mercado foi surpreendido pela mudança de postura do Fed. O banco central americano pretende adiar para o segundo semestre o início da redução das taxas de juros, devido à inflação nos EUA, que está mais alta do que o previsto.

“A divulgação da inflação brasileira de março coincidiu com a divulgação da inflação americana, e isso teve um grande impacto no mercado durante esse curto período de tempo. Essa mudança abrupta nas expectativas afetou fortemente os investidores, que estavam posicionados, com razão, na expectativa de cortes de juros pelo Fed no primeiro semestre”, explicou Haddad.

Juros

Sobre o futuro da Taxa Selic, Campos Neto afirmou que a decisão do Comitê de Política Monetária (Copom) dependerá do nível de incerteza na economia global. “Nossa reação dependerá da evolução dos acontecimentos. Estamos em um processo de reprecificação e ainda não temos clareza sobre os próximos passos.”

Atualmente, a Selic está em 10,75% ao ano, após seis cortes consecutivos de 0,5 ponto desde agosto do ano passado. A próxima reunião do Copom está marcada para 7 e 8 de maio. Na última reunião, em março, o Copom havia sinalizado um novo corte de 0,5 ponto percentual, porém, os investidores agora especulam que a redução possa ser de apenas 0,25 ponto, devido à recente valorização do dólar.

Na quarta-feira (17), durante sua estadia nos Estados Unidos, Campos Neto mencionou que a manutenção da elevada incerteza pode resultar em uma desaceleração do ritmo de afrouxamento monetário e até mesmo abrir caminho para novos aumentos nas taxas de juros nos próximos meses. Ele fez essas observações durante uma reunião com investidores na capital norte-americana.

Nesta quinta-feira, o mercado apresentou estabilidade. O dólar comercial encerrou cotado a R$ 5,25, registrando um aumento de apenas 0,12%. Enquanto isso, a bolsa de valores de São Paulo fechou com uma leve alta de 0,02%, após uma sessão marcada pela volatilidade.

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